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Abril de 2020.

Há muitos e muitos anos uma das formas de comunicação à distância mais utilizadas pelo homem foram pequenas instruções que eram enviadas através do correio com asas, quando os pombos eram os mensageiros que levavam instruções de um lugar para outro. O grande diferencial destes pequenos alados era o dom de viajar grandes distâncias e seu instinto sempre fazia com que retornassem ao seu local de origem. Para isso eles eram condicionados a percorrer um determinado trajeto e desta forma se tornavam fiéis e representavam uma garantia de que as instruções eram entregues em seu destino.

Poderíamos considerar esta troca de instruções de ensino à distância? Dependendo do seu ponto de vista e de como você enxerga este cenário para aquela época que remete ao tempo dos faraós, digamos que sim. Mas se você considera que pequenas instruções não poderiam compor um conteúdo, digamos científico, então a resposta seria não.

Se você acha este cenário muito primitivo para ser chamado de um termo tão atual, vamos então fazer uma viagem no tempo, muitos anos à frente, e ver uma forma empírica conhecida desde o século XVII, na Revolução Científica, onde cartas que comunicavam informações científicas inauguraram uma nova forma de ensinar. Agora não eram mais pequenas instruções e sim a transmissão de um vasto conhecimento científico. E agora, poderíamos chamar de ensino à distância? Talvez ainda não por não representar um conteúdo sequencial.

No século XIX, mais precisamente em 1856, em Berlim, Charles Toussaint e Gustav Langenscheidt fundaram a primeira escola por correspondência destinada ao ensino de línguas e logo depois em vários lugares do mundo surgiram outras escolas de ensino à distância. E agora, podemos considerar? Talvez sua resposta seja quase, por não se tratar de um curso, digamos de nível superior como uma graduação por exemplo.

Vamos viajar mais um pouco no tempo. Vamos para o século XX no Paquistão, onde surgiu a primeira Universidade Aberta Allma Iqbal para a formação de docentes por vias do ensino à distância. Agora talvez tenha ficado mais convincente.

Vamos viajar para um período mais atual e mais próximo desta loucura de troca de informações que vivemos hoje. Vamos para 1994, eu estava na faculdade e me lembro do início da expansão de uma tal de internet no ambiente acadêmico. Mal sabia eu que seria o futuro e que eu hoje estaria mostrando um novo panorama de treinamentos corporativos à distância. Em 1996, no ano em que concluí a faculdade surgiu a primeira legislação brasileira específica para a educação à distância.

Em 2015 eu lecionava em um dos maiores grupos de educação superior do Brasil e fui convidado para fazer parte direta e indiretamente de uma comissão com o objetivo de criar padrões visuais para a apresentação de conteúdos que seriam utilizados em disciplinas à distância. As bases conceituais utilizadas para este fim encontram-se no Design Instrucional, que busca entender a forma com que as pessoas interagem em ambientes, digamos não convencionais para o ensino-aprendizado. Logicamente que a maioria das pessoas são resistentes a mudanças. A zona de conforto, já diz que é um ambiente confortável, portanto, não me tirem daqui.

Treinamento Corporativo RINNOVO 2020. TEMA: Tean Rinnovo

No início da institucionalização do Ensino à Distância (EAD) nas universidades brasileiras, todos os personagens envolvidos passaram por adaptações e foi um ambiente educacional muito criticado e ainda em dias atuais enfrenta muita resistência, tanto por parte de quem ensina e está de um lado da tecnologia, tendo que se adaptar à uma nova sala de aula, com uma câmera, uma aula diferente da que há muitos anos está acostumado a dar e que mesmo nos dias atuais, com todo acesso à tecnologia, é uma aula diferente e que muitas vezes não concordam com a forma com que suas aulas são editadas. Do outro lado o aprendiz, o aluno, que vinha toda a sua vida, dependente da presença do seu professor e do acesso das respostas às suas dúvidas e de repente vê seu “cordão umbilical” sendo rompido e tendo que se tornar maior de idade de um dia para o outro. Traumático não?

Até 2019 eu via muita resistência por parte de amigos docentes e por parte dos meus alunos com este novo e algoz ambiente de não sala de aula. Mas eu sempre tinha o mesmo discurso: é um caminho sem volta e que tende a se intensificar mais e mais e irá para o ambiente corporativo em um curto espaço de tempo.

No ambiente corporativo a resistência vem dos setores de RH e de algumas diretorias operacionais que talvez pelo fato de não terem vivido o ambiente EAD, ainda não colocavam créditos para esta possibilidade nos treinamentos de seus funcionários. A maior barreira está no compromisso de realmente o treinamento gerar engajamento, uma das palavras mais fortes e um dos critérios mais significativos do EAD. E aí a história que acabei de contar para vocês se repete, com requintes de viagem no tempo. Mais num tempo lá atrás.

Com o advento do Corona vírus, em mais ou menos 45 dias o cenário mundial das empresas de todos os segmentos mudou drasticamente. Tudo teve início no isolamento social, com datas diferentes em vários países. A resistência dos últimos 5 anos em entrar no treinamento EAD, de repente força uma parada reflexiva para o futuro das empresas, ou digamos de uma maneira mais forte, o futuro dos empregos e de uma maneira contundente, o futuro da sobrevivência.

O treinamento em EAD tem várias vantagens para as empresas, a mais visível, por ser econômica, será nos custos operacionais gerados por um treinamento corporativo que irão despencar e tornar a prática dos treinamentos, uma realidade até mesmo para empresas que nunca investiram em capacitação. Não teremos mais custos com deslocamentos, estadias, alimentação, traslados. O tempo estará mais otimizado, o colaborador poderá escolher o ambiente e o horário de engajamento para o seu treinamento e os resultados serão mais rápidos para as empresas. Basta ver que estudos recentes mostram que no ambiente home-office as tomadas de decisões foram mais rápidas, o poder de resposta mais efetivo e as pessoas em pouco tempo estão conseguindo enxergar uma série de vantagens no trabalho remoto. Segundo a Bain & Company alguns cenários vão impulsionar a retomada do consumo após a pandemia. As demandas surgidas na crise que devem se manter a longo prazo são o Ensino à Distância, o Entretenimento on line, as ferramentas para trabalho remoto, nutrição e saúde, telemedicina e os planos de saúde e seguros de vida.

As metodologias mais aplicadas neste novo cenário para treinamento corporativo certamente serão o Design instrucional, o Design Think para solução de problemas complexos, a experiência do usuário DX (Design experience) e UX (User experience) e as Metodologias Ágeis para a implantação dos novos processos para as empresas.

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